Friday, April 11, 2008

Participação Cape-Epic 2008

The true test of partnership…


Desde já dou os parabéns as restantes equipas tugas por terem terminado o Cape Epic portaram-se muito bem! Vivemos um ambiente espectacular.... sempre bem dispostos, muita brincadeira, muita risada, enfim... pessoal 5 estrelas que me fizeram ficar até ao fim da prova:)

Nem sei por onde começar a descrever os dias que passei na África do Sul, se os de frustração de não ter terminado a prova ou de alegria por ter convivido com todos os tugas no ‘’race village’’. e assistido como funciona esta máquina chamada CAPE EPIC.

Nem imaginam a organização disto, tudo funciona na perfeição, mts organizações de provas em Portugal deviam vir cá ver como se mete uma estrutura destas a funcionar, um relógio suíço. Quando cheguei a Knysa deu logo para ver que estava numa prova com um ambiente fantástico, a pequena cidade vive para esta prova, aliás existe uma enorme disputa entre cidades para receber etapas do CAPE EPIC.
De salientar que fazem parte da organização da prova muitos voluntários que tem pagar o seu lugar, para poderem participar na organização e como funciona tudo tão bem!
O maior patrocinador é o banco africano ABSA, seguido da Adidas e da Toyota que para terem uma ideia desta prova, cedeu mais de150 viaturas entre 70 carrinhas van, 43 jeeps, carros, tudo com zero km! Alem disso existe cerca de uma dezena de camiões TIR´s, dois helicópteros, dezenas auto caravanas, mts motos de duas e quatro rodas de apoio, mts oficinas e tendas-lojas de marcas oficiais como Shimano, Polar, Maxxis, Energade, Adidas, Motorex entre outras que acompanham o CAPE EPIC diariamente.
Esta prova é acompanhada em permanência pelo canal desportivo Supersport, que transmite imagens para todo o mundo. A ultima etapa do Cape Epic até foi transmitida em directo na TV, só para verem o nível.
A imagem é algo que é extremamente importante aqui, o que dá muito valor à prova. Isto é o “Tour de France” do BTT!!!!

No final da Prova tivemos direito a jantar de gala numa Quinta dedicada ao Enoturismo, bem um jantar de fazer inveja a muitos casamentos, com tudo do bom e do melhor!

No final de cada etapa existe o Bike Wash para a malta lavar as bikes, aliás, lavam-nos por nós e até tem produtos para as por a brilhar. E existe um Bike Park onde podemos deixar a bike em segurança durante a noite.
A maior parte dos participantes dorme em tendas e quando o pessoal chega ao fim das etapas já se encontram montadas em campos de râguebi. O ambiente que se vive nas tendas é fenomenal, onde podemos conviver com diverso pessoal de todo o mundo.
Pessoalmente inicialmente tinha ponderado adquirir uma auto caravana para poder dormir, mas depois de ter dormido nas tendas, onde dormi lindamente! Cheguei à conclusão que para quem quer sentir o verdadeiro espírito do Cape, o melhor é mesmo ficar nas tendas.

Os banhos e massagens são sempre próximos da meta e do “tend camp” e quase sempre não esperamos mais de dois minutos para tomar banho quente.


No acto do “Chek In” em Knysna a organização fornece-nos um saco da Adidas onde temos que colocar todas as nossas coisas que vamos precisar durante a realização da prova. São cerca de 1200 sacos dos 1200 atletas que a Organização transporta por um enorme camião TIR com reboque de etapa para etapa. Sempre que chegamos ao fim de uma etapa estão prontos a serem a levantados.

O jantar e o pequeno-almoço são servidos numa enorme tenda, para cerca de 1500 pessoas. A comida é relativamente boa tendo em conta que tem de ser preparada no local e para mais de 1500 pessoas diariamente, abunda a carne de vaca, frango, avestruz, massa, arroz, legumes.
O jantar é servido diariamente pelas 18 horas, durante o jantar decorre um espectáculo com actuação de artistas locais, a entrega dos prémios relativos à etapa do dia, passam um filme com as melhores imagens da etapa e um pequeno briefing sobre a etapa do dia seguinte.

Ás cinco da manha somos obrigados a acordar com a buzina do camião e começa o reboliço normal para tomar o pequeno-almoço e estar na partida antes das 7h para o arranque.



As etapas…

Bem devido a problemas físicos e desidratação do meu colega de equipa só participei em duas etapas mais o prólogo.

O prólogo decorreu num circuito de 15km com dentro de um floresta onde podíamos encontrar alguns animais e com algumas subidas e muitas pedras.
O prólogo iria definir a posição de partida na primeira etapa.

A 1ª etapa com 120km e com cerca de 3000metros de acumulado, decorreu num percurso tipo Serra de Sintra mas com subidas muito mais longas, subidas com 4 a 5 km são normalíssimas, com paisagens deslumbrantes e algum calor cerca de 30 graus.
Lembro-me de uma descida mais acentuada sentir um enorme cheiro a calço do travão…
A prova estava a correr relativamente até ao km 60, a partir deste momento o meu colega começou a sentir alguns problemas em hidratar-se, e consequentemente problemas físicos. Desde esse momento subida após subida notei a sua enorme dificuldade em progredir, esperei longos momentos pelo meu colega de equipa, cheguei mesmo a pensar que não iria chegar ao fim desta etapa, demoramos cerca de 9h30m a percorrer a distancia quando o tempo limite era de 10h. Quando chegamos ao fim o meu colega encontrava-se num estado lastimável e teve que ser ajudado por alguns tugas que se encontravam na linha de meta. Fiquei logo com a sensação que dificilmente iria conseguir terminar a segunda etapa que ainda se previa mais dura…

Os fins de etapa são quase sempre nos mesmos campos de râguebi, imaginem só o que é entrar dentro das barreiras com os espectadores todos a vibrar, aplaudir e o speaker a gritar o vosso nome e ao som de uma música contagiante! Temos logo as meninas a entregam-nos sempre o bidon recuperador no final da etapa fresquinho. Parece que somos os vencedores da etapa.

No fim de cada etapa existem algumas bancadas para podermos comprar óptima comida, óptimos hambúrgueres, cachorros por menos de 80 cêntimos. Aproveito para dizer que a comida na Africa do Sul é bastante boa e barata.

2ª Etapa Talvez a etapa mais dura de sempre do Cape 140km com 2650m de acumulado

Apesar das etapas decorrerem em locais remotos existe sempre população a incentivar e muitas crianças.
6:50 da manha e já estamos junto à partida, partimos no fim do pelotão…

A partida das etapas dá-se ás 7 horas da manha, já se fazia sentir algum calor. Nesta etapa tinha como principal característica ser efectuada em percurso 100% aberto ( sem uma única sombra) e em terrenos que mais pareciam um deserto.
Lá fomos nas primeiras pedaladas, fomos num ritmo ainda mais lento no dia anterior para ver se controlávamos melhor o esforço do meu colega e se conseguíamos terminar a etapa… fomos andando razoavelmente e eis que surge a primeira grande dificuldade do dia uma subida divida em duas fases 4km que demoramos cerca de 30m e a segunda fase 6km demoramos cerca de 50m a fazer a um ritmo bastante lento, tive que esperar alguma vezes pelo meu colega. No final da subida encontrava-se o prémio da montanha…paisagens lindíssimas, ainda aproveitamos para tirar algumas fotos.
E depois de uma subida uma grande descida, onde facilmente se rolava a acima dos 60km/hora. Cerca de 5km a descer, o piso bastante bom estradão, o pior mesmo é pó que se levanta com tanta bike a passar, parece um rally.

Chegamos ao fim da descida, agora tínhamos cerca de 30km a rolar em estradão e a temperatura já começa apertar cerca de 35 a 40 graus. Pergunto ao Carlos se ele sente bem, e ele responde afirmativamente, e eu fiquei todo contente. Como estávamos em estradão e sentia-me bastante bem aproveitei para ir curtir um bocado e pus-me a puxar por uns comboios de bikes, tipo tour de france. Ainda andei à frente de um pelotão ai uns 5km, a uma velocidade de 40km/h. Devido ao imenso pó, só dava mesmo para estar na frente do pelotões…

Mas como sabia que o Carlos não era capaz de acompanhar aqueles ritmos abrandei e fiquei para trás do pelotão e esperei pelo Carlos e por um pelotão mais lento.
Entretanto começamos a entrar num verdadeiro deserto e o calor intensificava-se cada vez mais. Com trilhos planos mas cheios de calhau e algum sobe e desce. Estávamos a chegar ao km 50 e vejo que o Carlos está a passar dificuldades…e km após km cada vez mais são as suas dificuldades, faltavam cerca de 30km para o próximo ponto de assistência. E esta Etapa começa a ser de sofrimento para o Carlos e para mim também que o via a sofrer… paramos variadíssimas vezes, chegamos a demorar a fazer 3km numa hora, e o piso era plano. E decidi que o meu colega não estava em condições de continuar a prova e que assim não valia a pena… e o melhor era desistir antes que colocasse o seu estado de saúde em maior risco. Até que finalmente chegamos ao ponto de abastecimento com 80km feitos em 7 horas, ainda faltavam 60km muito duros com uma subida de cerca 12km e uma descida com muito calhau que a maior teria que ser feita com a bike à mão, e portanto 3 horas não iriam chegar para terminar a etapa e o melhor era ficar por aqui do que estar a correr riscos maiores. E assim fomos logo ao posto e assistência médica que se encontrava no km 80, os médicos prontamente socorreram o Carlos. Devido aos problemas que apresentava a equipa médica não permitiu se quer que ele ponderasse continuar em prova, retirando de imediato o dorsal e chip da bike. Esta etapa foi a registou o maior número de desistências.


As equipas médicas acompanham a prova constantemente e estão preparadas para qualquer emergência, são helicópteros, ambulâncias, motos de assistência médica. Não é preciso dizer que as quedas são mais que muitas e tem sempre muito trabalho, especialmente Eu assisti a algumas que me arrepiaram viram outras em vídeo que me cortaram a respiração, imaginem um pau atravessar uma perna de um lado ao outro, um tipo ficar sem dentes… no final na race village existe um hospital de campanha, que trata dos casos mais graves.

E assim terminou a minha participação no CAPE…

Da 3ª à 8ª etapa tive o enorme prazer de conhecer a outra face do Cape Epic, Andei sempre junto com a Organização. Sendo um verdadeiro privilegiado, indo aos locais espectáculo de cada etapa, assisti aos finais das etapas e vi de perto como andam (quer dizer voam) as equipas da frente, médias finais de quase 30km/h!!!!!
Conheci e vi como funciona esta máquina, muito mais teria para dizer…mas o relato já vai longo… aqui fica um pouco da minha experiência no CAPE EPIC.



Adorei estar no Cape Epic, e espero lá voltar para terminar esta prova. Já andei por paisagens e trilhos muito mais bonitos. Mas a envolvente desta prova é única e vale a pena participar é inesquecível…
Aconselho a todos que adoram o BTT e se puderem que participem numa prova tão dura como CAPE EPIC, é uma experiência única!

Depois de inúmeros meses a preparar a minha participação, para mim foi uma grande desilusão não ter conseguido terminar esta prova, pessoalmente sentia-me muito bem para fazer o CAPE EPIC….Estar bem preparado, ter capacidade de sofrimento físico e psicológico não chega… é preciso ter um companheiro à altura!

Um dia voltarei… a este ambiente fantástico!




Caros companheiros,

Aqui estão algumas fotos da participação do Sérgio e do Carlos na grande prova "Cape-Epic2008".

O sérgio ficou de fazer uma breve descrição da participação neste evento....estou à espera.

Abraços
Caracol










5 comments:

Anonymous said...

Voltas para o ano, e em grande !!!

Pedro Esteves

caracol said...

Sérgio...já tens companheiro para 2009.

Nome: Pedro Esteves

Mas tens de o convencer a trocar de bike, as KTM não partem!! eheheh

Anonymous said...

Caracol, o Sérgio precisa de alguém que chegue ao fim, mas de bike....lol,

Pedro Esteves

caracol said...

Epá...isso são pormenores, lol

Caracol

caracol said...

Epá...isso são pormenores, lol

Caracol